domingo, 19 de maio de 2013

Revolução Industrial - Motor a vapor

REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - MOTOR A VAPOR

A máquina a vapor, ou o motor a vapor, é uma máquina cujo movimento é gerado a partir do aquecimento da água. Portanto, como combustíveis são usados água e algo para gerar fogo. O fogo aquece a água, que vira vapor. O vapor movimenta o êmbolo. Quando o vapor sai, o êmbolo volta para o lugar. Quando o vapor entra novamente, ele volta a se movimentar.
Uma importante máquina a vapor foi inventada por James Watt (1736-1819). 

Fabricar algo manualmente ou fabricar com o auxílio de uma máquina é bastante diferente. E, os resultados também. Assim, a produção das mercadorias aumentou bastante depois da introdução da máquina a vapor.

Veja abaixo o vídeo com o funcionamento de uma máquina a vapor em um museu.


Steam engine in Science Museum Power gallery.ogv|thumb|180px












Abaixo veja uma mini máquina a vapor caseiro!

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Grandes Civilizações: Antigo Egito

GRANDES CIVILIZAÇÕES: ANTIGO EGITO

A Série Grandes Civilizações dedicou dois vídeos para abordar o Antigo Egito. Abaixo aparecem os links para assistir aos pequenos vídeos.



EGITO: O Nilo


Vista aérea do Rio Nilo. Foto postada no
Panoramio por stefkuna, enviada em 12/03/2009.
O historiador grego, Heródoto, descreveu o Egito como "uma dádiva do Nilo", ressaltando que, sem o rio, aquela civilização não poderia existir. Para ter uma ideia do significado dessa frase, observe a foto ao lado. Veja que ao longo do rio há uma faixa verde e depois dessa faixa verde, um deserto! Sem dúvida, esse rio foi, e continua sendo, uma benção para a vida na região. 
Pirâmides de Dashour, pintado por
David Roberts (1796-1864),
representa o rio Nilo.

No entanto, não podemos esquecer a importância do trabalho dos camponeses no processo de plantio, colheita, e da própria irrigação. Ou seja, sem o trabalho humano, o Egito certamente não existiria.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

TEMA 4 - A REPÚBLICA NO BRASIL


Tema 4: A REPÚBLICA NO BRASIL 


      Palavras-chaves: repúblicaoligarquiavoto universalvoto abertovoto de cabrestocoronelismo, políticados governadores, política do café-com-leite, clientelismo, tenentismo, messianismo, classe operária, greve, anarco-sindicalismo, sanitarismo e cangaço.
      • HABILIDADES:
        • Identificar as principais características do Estado brasileiro em diferentes períodos da República.
        •  Estabelecer relações entre os processos de industrialização e urbanização ocorridos no Brasil e o movimento de imigração europeia .
        • Identificar e caracterizar os principais movimentos de contestação ao Império e sua influência na proclamação da República no Brasil.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Tenentismo - Coluna Prestes

TENENTISMO - COLUNA PRESTES

A "Coluna Prestes" foi uma grande marcha de 25 mil kilômetros pelo interior do Brasil durante os anos de 1924-1927. Essa marcha ficou conhecida como "Coluna Prestes" em função de uma de suas lideranças, Luis Carlos Prestes. Os seus significados são diversos, mas, carrega um objetivo de contestação da situação social e política do Brasil durante a República Velha.

Tenentismo - 18 do Forte de Copacabana

TENENTISMO - 18 DO FORTE DE COPACABANA


O evento "18 do Forte" refere-se a uma marcha de 17 militares e 1 civil pela Avenida Atlântica, ocorrida no dia 5 de julho de 1922 (como mostra a famosa foto do evento).

Dos 18 participantes da marcha, apenas 2 sobreviveram pois os outros foram sendo baleados e mortos.

E pelo que esses 18 marchavam? Na verdade, foram os que persistiram da revolta de militares do  Forte de Copacabana contra o governo fraudulento e oligárquico da República Velha, e, mais especificamente, contra Arthur Bernardes.

Ao lado vemos um monumento dedicado aos participantes da revolta.




quinta-feira, 9 de maio de 2013

Revolta da Chibata

REVOLTA DA CHIBATA


A revolta da Chibata, foi uma revolta de marinheiros contra a aplicação de castigos físicos (dentre eles, a chibata) como forma de punição. As insatisfações eram crescentes até que um dos marinheiros foi condenado a 200 chibatadas, as quais recebeu até desmaiar. Esse foi o estopim: a partir daí começou a revolta dos marinheiros. O ano era 1910.

Essa revolta passou a ser conhecida do público e dos historiadores a partir do trabalho de Edmar Morel, um livro reportagem publicado em 1958. A partir de então, a revolta dos marinheiros, comandada pelo apelidado "Almirante negro", passou a fazer parte dos "assuntos" da História.




Mais informações sobre a Revolta da Chibata - Exposição Virtual - arquivo do Estado
Leia mais: A imprensa e o contexto da Revolta da Chibata: história e historiografia

terça-feira, 7 de maio de 2013

Revolta da Vacina

A Revolta da Vacina foi um confronto entre a população do Rio de Janeiro e a polícia ocorrido durante alguns dias de novembro de 1904. A causa aparente da revolta foi a obrigatoriedade da vacina contra a varíola: a população tinha receios em relação à vacina. 

No entanto, a população carioca já estava vivendo situações de descontentamento com medidas autoritárias do governo, dentre elas, a destruição de casa e a desapropriação para construção de grandes avenidas (reforma urbana). Ou seja, a situação já estava tensa e faltava uma "gota d'água" para que a população desse o seu grito de revolta.
Mais detalhes sobre a Revolta: clique aqui.


Para Nicolau Sevcenko a Revolta da Vacina foi um momento no qual a população, que já não aguentava mais a opressão, deu seu “...grito, uma convulsão de dor, uma vertigem de horror e indignação” (SEVCENKO, 1993, p.67). E a vacina teria sido somente um pretexto, um estopim para desencadear a revolta latente. A população vivia numa situação de opressão e marginalização causada pela sociedade urbana burguesa que pretendia entrar num novo “patamar” científico e tecnológico.

De forma diferente, José Murilo de Carvalho, descreve a Revolta da Vacina como sendo uma “revolta fragmentada de uma sociedade fragmentada”, e, o seu estopim não fora a imposição da vacina e sim o caráter moral dessa imposição: os habitantes não concebiam que as mulheres mostrassem seus corpos aos agentes de vacinação. A partir disso, surgiriam várias revoltas, com vários motivos, e, “...todos os cidadãos desrespeitados acertaram contas com o governo” (CARVALHO, 1987).

Filme sobre a Revolta da Vacina: Sonhos Tropicais

Guerra de Canudos

GUERRA DE CANUDOS


Localização de Canudos, no estado da Bahia.
É chamada de "Guerra de Canudos" o confronto ocorrido entre a população do povoado de Belo Monte (região próxima a fazenda Canudos) e tropas do governo. Esse confronto ocorreu entre os anos de 1896 e 1897.

A população de Belo Monte era liderada pelo beato Antônio Conselheiro que, com promessas de uma vida melhor, foi atraindo cada vez mais pessoas, que viviam na miséria, a irem morar em Belo Monte.

Dentre as principais causas do confronto entre essa população e o governo foi a possível ameaça que representavam pois recusavam-se a aceitar as "leis" impostas pelo governo da República.

Ao final, as tropas governamentais venceram, mas, não sem dificuldades.
Vista geral de Canudos. Foto: Flávio Barros
Igreja de Belo Monte destruída.
Foto: Flávio Barros
Corpo de Antônio Conselheiro.
Foto: Flávio Barros
Mulheres e crianças capturadas.
Foto: Flávio Barros

A guerra foi registrada pelo jornalista Euclides da Cunha, em seu livro Os Sertões.
Veja linha do tempo publicada em Estadao.com.br 



Cangaço

O CANGAÇO

O Cangaço foi um movimento ocorrido no Nordeste ao longo do século XIX cujo fim foi em 1938 com a morte do último bando chefiado por Virgulino Ferreira (Lampião). Os significados desse movimento são controversos pois, para uns, os cangaceiros foram bandidos que assustavam a população em função das práticas constantes de violência. Para outros, foi um movimento de contestação ao governo e, portanto, um tipo de movimento "revolucionário".
Os bandos de cangaceiros, como eram chamados os participantes desse movimento, vagavam pelo sertão, sem moradia fixa.

Abaixo é possível ver uma das poucas imagens em movimento do bando de Lampião filmadas por Benjamim Abraão e inseridas no filme Baile Perfumado (Paulo Caldas e Lírio Ferreira, 1996)


segunda-feira, 6 de maio de 2013

Crise de 1929 e a solução: New Deal

CRISE DE 1929 E A SOLUÇÃO: NEW DEAL

Com a crise de 1929, muitas empresas norte americanas foram à falência, e, muitas pessoas ficaram DESEMPREGADAS. A quebra da BOLSA DE NOVA YORK deixou a situação ainda pior com a falência de milhares de pessoas que investiam em ações. Assim, a pobreza reinava nas
ruas... havia filas de pessoas em busca de empregos, filas de pessoas em busca de comida, filas e filas...

Durante os anos seguintes à crise, o governo norte americano não tomou atitudes significativas pois tinha como princípio o Liberalismo, ou seja, não interferia na economia. No entanto, medidas eram necessárias pois a crise econômica e social se alastrava e a pobreza aumentava.

O presidente Franklin D. Roosevelt, no entanto, eleito em 1933, resolver implementar um conjunto de ações para "salvar" a economia. Esse conjunto de ações foi chamado de "NEW DEAL" (Novo Acordo) e consistia na INTERVENÇÃO do governo na economia. 

Obra para melhorar a navegação do rio Mississippi, 1934.
Assim, o governo passou a financiar grandes obras púbicas para dar TRABALHO a muitos desempregados. Com isso, essas pessoas poderiam COMPRAR e movimentar a economia. 

PWA Construction Site in Washington, D.C.
Franklin Roosevelt Library

Além disso, o governo criou BANCOS para financiar o setor agrícola e industrial. Várias outras medidas foram tomadas, tais como diminuir as horas de trabalho, criar salário-desemprego, controlar a produção, etc...

Com essas medidas, aos poucos a economia voltou a "funcionar" e, por volta da década de 1940 já estava normalizada. (V.A.F.)


O QUE VOCÊ ACHA?

Observe a charge abaixo e tente descobrir qual é a "mensagem" presente nela.



Tenentismo

TENENTISMO

O tenentismo foi o nome dado a um "movimento" que envolvia a revolta de tenentes (militares) contra o governo civil da Primeira República. As revoltas mais significativas destes tenentes foram a do "Forte de Copacabana", em 1922; a revolta Paulista de 1924; a "Coluna Prestes" (1924-1927) e, também, o seu envolvimento na Revolução de 1930.

Política dos governadores

 

Num Sistema Tripartite de Poder, ou seja, no qual há separação entre os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, frequentemente há divergências entre os anseios do Poder Executivo e as posturas do Poder Legislativo, principalmente quando estes representam grupos políticos diferentes. Ou seja, isso pode ocorrer quando um Presidente(a) é de um partido político e a maioria dos membros do Senado ou Câmara dos Deputados são de outro partido: em função da diferença partidária os senadores e deputados podem votar contra os projetos de Lei apoiados pelo Presidente(a). 
Para não ter esse tipo de problema, o Governo Federal, na figura do Presidente, na República Velha, tinha acordo com os Governos Estaduais para que os "coronéis" indicassem membros a favor da Presidência para ocupar o Poder Legislativo Federal. Desta maneira, o presidente da República não enfrentava oposições em suas decisões.


 

sábado, 4 de maio de 2013

crise de 1929

Você sabe o que é BOLSA DE VALORES? 

A Bolsa de Valores é um  MERCADO cujas mercadorias compradas e vendidas são chamadas de AÇÕES. As ações são "pedacinhos" de uma empresa, ou seja, quando o dono (ou os donos) decidem colocar parte de sua empresa á venda no mercado (Bolsa de Valores) ela é dividida em pequenas partes chamadas de AÇÕES. Essas ações ficam á venda a espera de compradores.

Quando alguém compra uma ação ele passa a ser "dono" de uma pequena parte da empresa e pode colocar novamente à venda (as ações que comprou) por um preço mais alto, ou mais baixo, dependendo do "mercado". Assim, se você compra uma ação por 10,00 reais e vende por 12,00 você tem um lucro de 2,00. Talvez você ache esse valor pequeno, mas, normalmente não se compra apenas 1 ação, mas, conjuntos de 100 ações. Assim, se comprou a 10,00 cada ação e vende por 12,00, você terá um lucro de 200,00. Faça as contas para quem compra 1.000 ações... O lucro será grande. Da mesma forma, se compra por 10,00 e tiver que vender por 8,00 (porque ninguém mais compra por 10,00) você terá um prejuízo de 200,00.

E quando terá lucro com suas vendas de ações? Quando a empresa estiver em um bom momento e tendo bons rendimentos. E, quando terá prejuízo com as vendas das suas ações? Quando a empresa não for "sólida", ou estiver "na pior" ou, até, indo à falência.

Na crise de 1929, ocorreu a "Quebra da Bolsa de Nova York" no dia em que todo mundo que tinha comprado ações naquela Bolsa queria VENDER e ninguém queria COMPRAR. Ou seja, aquela ação que você comprou por 10,00, você tenta vender por 8,00 e ninguém compra; tenta 7,00 e ninguém compra; tenta 5,00 e ninguém compra; tenta 3,00 e ninguém compra... enfim... o valor da sua ação vai acabar chegando a ZERO. E foi isso que ocorreu numa quinta-feira negra de outubro de 1929! 

Foi um desastre! Vários americanos tinham investido todo o seu dinheiro e ações. E, de repente, não tinha mais nenhum dinheiro! (V.A.F.)

Veja abaixo mais informações sobre essa crise de 1929!




Vejam o exemplo do FACEBOOK: as ações, depois de passarem a ser comercializadas, tiveram seus valores reduzidos. Abaixo vejam reportagem da Revista Veja (on line) de 04/09/12.

QUAL É A SUA OPINIÃO?

Se você tivesse dinheiro guardado e quisesse fazer esse dinheiro "render" mais, você iria preferir colocar numa "caderneta de Poupança" ou comprar ações de grandes empresas? 

Coronelismo

CORONELISMO

"Coronelismo" é uma palavra que denomina uma prática política característica que envolve uma estrutura de poder comandada por homens poderosos e influentes de uma determinada região, apelidados de "coronéis". Assim, esses "coronéis" ocupam posições de destaque na sociedade e assumem posições de comandantes.
Essa prática foi muito comum na República Velha e esse "coronéis" controlavam as votações municipais a partir do "voto de cabresto".

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Voto Aberto e Voto Secreto



O "voto aberto" está em oposição ao "voto secreto", ou seja, no primeiro caso ele pode ser visto pelas outras pessoas enquanto no segundo caso ninguém pode ver em quem o eleitor votou. O "voto aberto" não garante o sigilo ao eleitor ficando este sujeito ao controle de outras pessoas. Já o "voto secreto", adotado atualmente, é uma conquista pois garante a liberdade do eleitor de votar em quem de fato quiser sem a justificativa de ser "controlado" por alguém. 
A Constituição de 1891 definia o voto como "aberto".

Atualmente há um debate sobre a questão do "voto aberto" dos parlamentares para que a população possa acompanhar mais de perto em quem/que os deputados e senadores estão votando.


Agora é sua vez:

1. Você prefere que o voto seja "aberto" ou "secreto" nas eleições municipais, estaduais e nacionais? Por quê?
2. E o voto dos parlamentares, você acha que ele deve ser aberto ou secreto? Justifique.

Voto Universal

"Voto universal" ou "sufrágio universal" é o nome dado àquele voto que é aberto à todas as pessoas da sociedade sem excluir ninguém seja pela etnia, gênero, renda, categoria profissional. Ou seja, quando o voto é "universal" isso significa que todas as pessoas da sociedade podem votar, tendo apenas restrições em relação à idade, mas não à pessoa.

O voto universal pode ser direto quando todos votam, ou, indireto quando a população elege um grupo (colégio eleitoral) e esse grupo escolhe os governantes.

No Brasil atual, o voto é universal pois não há restrições de voto a ninguém, exceto aqueles que tem idade abaixo de 16 anos. Prática esta, por exemplo, diferente daquela adotada na Constituição de 1891 a partir da qual não poderiam votar os analfabetos, mendigos, religiosos, soldados, mulheres e pessoas abaixo de 21 anos.

Em várias partes do mundo, em fins do século XIX e início do século XX, mulheres lutaram pelo direito ao voto. E conseguiram!

Voto de Cabresto

VOTO DE CABRESTO


Autoria: Alfredo Storni, 1927.


"Voto de cabresto" é o nome dado a uma prática de controle do voto por parte de pessoas "poderosas". 

Nos primeiros anos da República no Brasil essa foi uma prática muito comum e alvo de muitas críticas, como podemos perceber na charge ao lado.

Algumas práticas atuais são caracterizadas como "voto de cabresto" quando se quer ressaltar que o voto do eleitor é, de alguma maneira, controlado por alguém, como denuncia a charge abaixo.
publicado no blog Discurso Historiográfico




Oligarquia

OLIGARQUIA

A palavra "oligarquia" tem origens gregas e significa "governo de poucos". A palavra foi usada no Brasil como adjetivo para um período da História da República na qual apenas uma elite tinha o direito ao voto e direito a ocupar cargos eleitos. Nessa época, o governo favorecia apenas uma pequena parcela da população, contrariando a promessa da "Res publica" como um "governo do povo". A "República Oligárquica" durou até 1930.


República

REPÚBLICA

A República é um sistema de governo no qual o chefe de Estado é eleito pelo povo e, geralmente, este cargo é do Presidente da República. No entanto, em vários momentos da História a República foi compreendida de diferentes maneiras. Para simplificar, vamos considerar a origem da palavra "res publica" que significa "coisa pública", "coisa do povo". Idealmente um governo republicano deveria ser um governo para o povo. No entanto, historicamente não é bem isso que vem acontecendo.
Desde a sua proclamação em 1889, a República no Brasil passou por diversos períodos.

Curiosidade: O Brasil manteve-se uma Monarquia enquanto os países vizinhos já eram Repúblicas.

Charge publicada no Blog Leiturização na Blogosfera

A primeira Constituição da República é de 1891.
Leia o artigo: LAFER, C. O significado de República

Qual República?


Proclamação da República. Benedito Calixto, 1893.
Acervo da Pinacoteca Municipal de São Paulo
O famoso quadro de Benedito Calixto pretende representar o momento de ruptura e de mudança de regime político: depois de mais de sessenta anos o Brasil deixava de ser uma Monarquia (entre Repúblicas) para, finalmente, tornar-se uma República.
O quadro indica algumas facetas deste momento: não há povo e os militares ocupam o papel central. A mudança do regime foi tão rápida que chega a ser classificado como um golpe. Para alguns, o povo "assistiu bestializado", para outros, a seu próprio modo, a população era ativa em suas vontades.
Mas, nada é tão simples quanto parece.

Notícias da Proclamação da República

Gazeta da Tarde, 15 de novembro de 1889.
"A partir de hoje, 15 de novembro de 1889, o Brasil entra em nova fase, pois pode-se considerar finda a Monarquia (...) Foi o exército quem operou esta magna transformação"


Jornal do Commércio, 16 de novembro de 1889.
"Despertou ontem esta capital no meio de acontecimentos tão graves e tão imprevistos que as primeiras horas do dia foram de geral surpresa. Rompeu com o dia um movimento militar que, iniciado por alguns corpos do exército, generalizou-se rapidamente pela pronta adesão de toda a tropa de mar e terra existente na cidade. 
A conseqüência imediata desses fatos foi a retirada do ministério de 7 de junho, presidido pelo Sr. Visconde do Ouro Preto, que teve de ceder à intimação feita pelo Sr. Marechal Deodoro da Fonseca que assumiu a direção do movimento militar. À exceção do lastimoso caso do Sr. Barão do Ladário, que não querendo obedecer a uma ordem de prisão que lhe fora intimada, resistiu armado e acabou ferido, nenhum ato de violência contra a propriedade ou a segurança individual se deu até o momento em que escrevemos estas linhas. (...)"

Novidades, 15 de novembro de 1889. 
"A população desta cidade foi hoje, ao acordar, sobressaltada pela notícia de graves acontecimentos que se estavam passando no quartel general do exército, em ordem a despertar as mais sérias inquietações (...) 
Todo o movimento social da cidade acha-se paralisado. O comércio em grande parte fechou as portas. As ruas mais freqüentadas nos dias ordinários estão desertas; raros transeuntes passam, apressados, como perseguidos. (...) O serviço de bondes é feito com grande irregularidade; há longos intervalos no trânsito dos carros, que chegam aos pontos de estação aos grupos de cinco e seis. (...) O pânico anda no ar e nas consciências. (...)"


 Cidade do Rio, 15 de novembro de 1889. 

"A população fluminense despertou hoje com a notícia de que se havia o exército recusado a cumprir ordens do governo por julgá-las ilegais e ofensivas ao seu brio. Dois batalhões que haviam recebido ordem de seguir para pontos afastados do Império, decidiram não obedecer esta ordem. 

Hoje: 
6 horas da manhã - O ministério está reunido na secretaria do império. Estão fechados os quartéis do 7º, do 10º e do Corpo de Bombeiros. desembarca na corte, vindo de Niterói, uma parte do Corpo de Polícia da província. Outra parte da força está na ponte da Armação a espera da lancha que a conduza à corte. 

7 horas - Sobe a rua do Ouvidor uma força de fuzileiros navais. Os soldados estão em pé de guerra. Os oficiais trazem revólver. 

8 horas - É quase impossível chegar ao Campo de Santana. uma força do 10o está no largo da Lapa para impedir a passagem provável de estudantes da Escola Militar. Das janelas do palacete Itamaraty parte uma descarga sobre o povo. 

9 horas - À porta de uma taverna, na esquina da rua são Lourenço está sentado, com um ferimento na fronte, o sr. barão do Ladário, ministro da marinha. O ferido está com um gramete ao lado. (...) Estão fechadas todas as estações de polícia. 

9 1/2 - (...) O quartel está fechado. Dentro está o batalhão que não quer, segundo consta, seguir para onde foi removido. O ministério continua reunido. 

10 horas - (...) Confirma-se o boato de que o ministério pediu demissão. (...) 

10 horas e meia - Os alunos da Escola Militar sem ordem, nem todos fardados, mas armados, tendo à frente uma corneta do 22o seguem para o Campo de Santana, dando vivas à Nação brasileira e ao exército. O ministério que estava preso e guardado pelo exército, rende-se. O general Deodoro entra no quartel em triúnfo, abraçado, entre aclamações entusiasmáticas. O exército dá vivas à República. É o grito que se ouve em todo o Campo de Santana. (...) 

10 e 3/4 - O general Deodoro é carregado em triúnfo. O 2o de artilharia dá uma salva de 21 tiros. Povo, exército e marinha dão vivas à Nação brasileira. (...)"



Diário do Commércio, 16 de novembro de 1889. 

"O dia de ontem foi de surpresas para a pacífica população industrial desta cidade. 
A revolução de ontem é filha unicamente das energias e espírito de classe dos militares, e foram os oficiais superiores que, passando-se para a causa democrática, a tornaram vencedora no momento." 


 Correio do Povo, 16 de novembro de 1889. 

"Cerca de 9 horas da manhã, à intimação do povo e do exército, o gabinete declarou-se demitido, pedindo o senhor Visconde de Ouro Preto ao general Deodoro da Fonseca garantia para a sua pessoa e dos seus colegas. O sr. general respondeu-lhe que o povo e o exército não ofenderiam os cidadãos destituídos do governo e que os ex-ministros podiam se retirar na maior tranqüilidade, como aconteceu. 
Ao ser comunicada ao povo e aos militares a queda do ministério, levantaram-se aclamações de todos os lados à República Brasileira e vivas estrepitosos, enquanto o parque de artilharia dava uma salva de 21 tiros, com os canhões Krupp assestados para a secretaria da guerra. 
O general Deodoro, o Sr. Quintino Bocayuva e o tenente-coronel Benjamin Constant foram então disputados pelo povo e pelos militares, que os carregavam em verdadeiro triúnfo. (...) 
Durante todo o dia e até alta hora da noite o povo percorreu as ruas do centro da cidade, formando diversos grupos precedidos de bandas de música. Expansiva em seu entusiasmo, a população erguia vivas e saudações à imprensa livre, aos bravos do exército e armada, ao general Deodoro, a Quintino Bocayuva e à República Brasileira. (...)" 


República Brazileira, 21 de novembro de 1889
Comecemos de pensar. Esta República que veio assim, no meio do delírio popular, cercada pela bonança esperançosa da paz; esta República no século XIX que surgiu com a precisão dos fenômenos elétricos, sem desorganizar a vida da família, a vida co comércio e a vida da indústria; esta República americana que trouxe o símbolo da paz, que fez-se entre o pasmo e o temor dos monarquistas e a admiração dos sensatos - esta República é um compromisso de honra e um compromisso de sangue. (...)"