domingo, 30 de março de 2014

Manchetes do Golpe - 50 anos atrás

Na madrugada de 31 de março de 1964, tropas do Exército tomaram as ruas e dirigiram-se a centros estratégicos do poder para depor o presidente da república, democraticamente eleito pelo povo, João Goulart. Depois de 50 anos, o termo "golpe militar" se popularizou nas análises acadêmicas e na mídia em geral. Apenas umas poucas vozes anacrônicas continuam falando em "revolução".
Curiosamente, no entanto, na época, diversos jornais importantes adotaram posturas de apoio ao golpe como podemos ver pelas manchetes ou trechos abaixo, reunidos por Cristiane Costa.

Correio da Manhã - "Basta!" - 31 de março de 1964
 "O Brasil já sofreu demasiado com o governo atual. Agora, basta!"

Correio da Manhã - "Fora!" - 1 de abril de 1964
"Só há uma coisa a dizer ao Sr. João Goulart: Saia!"

Estado de São Paulo - São Paulo repete 32 -  1 de abril de 1964
"Minas desta vez está conosco"... "dentro de poucas horas, essas forças não serão mais do que uma parcela mínima da incontável legião de brasileiros que anseiam por demonstrar definitivamente ao caudilho que a nação jamais se vergará às suas imposições."

Jornal do Brasil/RJ, edição de 01 de abril de 1964
“Golpe? É crime só punível pela deposição pura e simples do Presidente. Atentar contra a Federação é crime de lesa-pátria. Aqui acusamos o Sr. João Goulart de crime de lesa-pátria. Jogou-nos na luta fratricida, desordem social e corrupção generalizada”.

Editorial do Jornal do Brasil/RJ - 1º de Abril de 1964
“Desde ontem se instalou no País a verdadeira legalidade ... Legalidade que o caudilho não quis preservar, violando-a no que de mais fundamental ela tem: a disciplina e a hierarquia militares. A legalidade está conosco e não com o caudilho aliado dos comunistas”

O Globo/RJ - 02 de abril de 1964 
"Fugiu Goulart e a democracia está sendo restaurada"... "atendendo aos anseios nacionais de paz, tranqüilidade e progresso... as Forças Armadas chamaram a si a tarefa de restaurar a Nação na integridade de seus direitos, livrando-a do amargo fim que lhe estava reservado pelos vermelhos que haviam envolvido o Executivo Federal".

O Globo - Rio de Janeiro - 2 de Abril de 1964
“Salvos da comunização que celeremente se preparava, os brasileiros devem agradecer aos bravos militares que os protegeram de seus inimigos”
“Este não foi um movimento partidário. Dele participaram todos os setores conscientes da vida política brasileira, pois a ninguém escapava o significado das manobras presidenciais”

O Estado de Minas - Belo Horizonte - 2 de abril de 1964
“Multidões em júbilo na Praça da Liberdade.
Ovacionados o governador do estado e chefes militares. O ponto culminante das comemorações que ontem fizeram em Belo Horizonte, pela vitória do movimento pela paz e pela democracia foi, sem dúvida, a concentração popular defronte ao Palácio da Liberdade.


Tribuna da Imprensa - Rio de Janeiro - 2 de Abril de 1964
“Escorraçado, amordaçado e acovardado, deixou o poder como imperativo de legítima vontade popular o Sr João Belchior Marques Goulart, infame líder dos comuno-carreiristas-negocistas-sindicalistas. Um dos maiores gatunos que a história brasileira já registrou., o Sr João Goulart passa outra vez à história, agora também como um dos grandes covardes que ela já conheceu.”

Editorial de O Povo - Fortaleza - 3 de Abril de 1964
“A paz alcançada. A vitória da causa democrática abre o País a perspectiva de trabalhar em paz e de vencer as graves dificuldades atuais. Não se pode, evidentemente, aceitar que essa perspectiva seja toldada, que os ânimos sejam postos a fogo. Assim o querem as Forças Armadas, assim o quer o povo brasileiro e assim deverá ser, pelo bem do Brasil”

O Globo - Rio de Janeiro - 4 de Abril de 1964
“Ressurge a Democracia! Vive a Nação dias gloriosos. (...) Graças à decisão e ao heroísmo das Forças Armadas que, obedientes a seus chefes, demonstraram a falta de visão dos que tentavam destruir a hierarquia e a disciplina, o Brasil livrou-se do governo irresponsável, que insistia em arrastá-lo para rumos contrários à sua vocação e tradições."

Adaptado de Carta Maior

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