terça-feira, 4 de novembro de 2014

Carolina Maria de Jesus na Sala de Visitas.

Apresento aqui a experiência da professora Ms.Veruschka de Sales Azevedo, que levou para as salas de aula de uma Escola pública estadual de São Paulo, a obra de Carolina de Jesus, muito publicada ao redor do mundo e pouco conhecida no próprio país.


CAROLINA DE JESUS NA SALA DE VISITAS
Um possível diálogo entre o Quarto de Despejo e a escola pública. 
Veruschka de Sales Azevedo


Entre sua cidade natal Sacramento e a São Paulo dos “anos dourados”. Carolina viveu e escreveu em forma de diário, muito o que se passava nos primeiros aglomerados de favela em São Paulo. A voz de dentro da favela, de uma mulher negra, mãe de três filhos, catadora de papel e escritora. Segundo a pesquisadora Germana Sousa: “ a especificidade de seu texto tem a ver com a sua escrita da vida de próprio punho, sem mediação. É uma escrita que se auto representa como mulher, negra e pobre. Mas poeta”. (SOUSA, p.33)
A comunicação apresenta um trabalho realizado na escola pública estadual Maria Aparecida Rodrigues, localizada na cidade de Guarulhos no bairro do Parque Alvorada, periferia da cidade, dentro da perspectiva de apresentar a escritora negra Maria Carolina de Jesus aos discentes, no ano de seu centenário 2014, cuja obra Quarto de Despejo: diário de uma favelada, traduzida em 14 línguas, reconhecida em mais de quarenta países e com mais de um milhão de exemplares vendidos em todo o mundo, permanece tão desconhecida dos brasileiros, principalmente dos que frequentam a escola pública neste país.
Envolvidos com a pesquisa sobre a vida de Carolina e seu centenário, a ideia era entender como os alunos receberiam a obra de Carolina? Qual a análise que o cotidiano da autora causaria nos alunos? Qual a importância da obra de Carolina para a escola pública?
As manifestações foram as mais variadas, porém em sua grande maioria o texto começou a empolgar pelo relato do cotidiano, não muito diferente do vivido pelos alunos, moradores da periferia de Guarulhos. Os textos começaram a aparecer relatando a contribuição que a obra de Carolina teve para eles enquanto alunos de escola pública, e moradores de comunidade e periferia.

A seguir, veja alguns exemplos das produções dos alunos após as atividades:

Aluna Rebeca Natalli do Prado, 16 anos, se identificou com as palavras de Carolina, e se arrisca em entender o esquecimento sobre a obra de Carolina no Brasil:
A Importância de Carolina Maria de Jesus é que ela serviu como espelho para nós jovens, ela mostrou que não importa de onde viemos o importante é você querer. Como pode uma catadora de papelão que mora em uma comunidade ser tão reconhecida se tornando uma das maiores escritoras.

Luan Xavier de Souza de 15 anos:
A importância de Carolina para a escola pública é muito grande pois, a escritora escreveu livros para expressar sobre a vida na sociedade, para denunciar e querer algo melhor para sua sociedade.
Como os trabalhos apresentados mostraram Carolina Maria de Jesus não pode ser esquecida, pois, ela foi uma escritora que relatava sobre a vida dos moradores de favela e dela e que os livros de Carolina podiam estar mais presentes nas escolas públicas e que Carolina queria mudar a vida daqueles moradores.(08/05/2014).


A aluna Sara Torres de Souza de 16 anos, analisa a pesquisa sobre Carolina como uma possibilidade de pensar o seu espaço social e sua atuação como estudante:
“ O diário me fez pensar melhor na vida, para não pensar em largar os estudos e lá na frente eu ter uma faculdade boa ter uma condição financeira melhor”. ( texto de 08/05/2014).

O aluno Gabriel da Silva Marques destaca a necessidade do espaço escolar conhecer Carolina Maria de Jesus:
Carolina Maria de Jesus foi uma grande mulher para a sociedade brasileira, após ter feito a pesquisa sobre essa autora fiquei muito impressionado pela história de vida dela que não é muito diferente da nossa e pelo fato de ela ser uma catadora de recicláveis, ninguém prestar atenção, mas ela lutou e venceu na vida, com apenas dois anos de estudos fez muitas obras fantásticas.

Texto do aluno Washington Luis Rodrigues, aluno negro de 16 anos, descreve a trajetória de vida da autora, sua infância pobre e sua pouca escolaridade e finaliza mostrando a importância da obra de Carolina:
Para mim Carolina ajudou escrevendo cada dia de sua vida, pois ela nos mostra a outra realidade que acontecia em São Paulo, pois a mídia não relata muito esses lugares só quando alguém morre em tiroteio e a Carolina, mostrou com suas palavras o que acontecia com a maioria das favelas, seja no Rio de Janeiro ou em São Paulo.

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