sexta-feira, 3 de maio de 2013

Qual República?


Proclamação da República. Benedito Calixto, 1893.
Acervo da Pinacoteca Municipal de São Paulo
O famoso quadro de Benedito Calixto pretende representar o momento de ruptura e de mudança de regime político: depois de mais de sessenta anos o Brasil deixava de ser uma Monarquia (entre Repúblicas) para, finalmente, tornar-se uma República.
O quadro indica algumas facetas deste momento: não há povo e os militares ocupam o papel central. A mudança do regime foi tão rápida que chega a ser classificado como um golpe. Para alguns, o povo "assistiu bestializado", para outros, a seu próprio modo, a população era ativa em suas vontades.
Mas, nada é tão simples quanto parece.



Quando estudamos o passado estamos sujeitos às visões das diferentes pessoas que presenciaram e/ou interpretaram os acontecimentos. E, frequentemente, nos deparamos com diferentes versões de um mesmo acontecimento. O mesmo pode ser dito sobre a proclamação da República.

O fato, que ocorreu no dia 15 de novembro de 1889, e noticiado em diversos jornais, pôs fim, definitivamente ao regime político monárquico. Mas, para além do fato há muitas perguntas e muitas respostas: O que levou a tal acontecimento?Havia apoio de outras camadas sociais além dos militares? Como reagiram os diversos atores sociais? Várias são e serão as respostas (e aí reside o trabalho dos historiadores).

Para Felício, defensor da República, o que levou à proclamação foi o fato de já existir uma "vontade" da população para tal, enquanto a monarquia era um regime de corruptos. Para o Visconde, a favor da monarquia, esta fizera o Brasil crescer e a proclamação foi uma imposição militar. Já para o viajante Max, o que aconteceu em 15 de novembro foi mero acidente, obra do acaso, pois o Marechal não queria, de fato, que a Monarquia caísse.

Francisco tenta uma interpretação mais "neutra", ora defendendo o governo de D. Pedro II, ora apontando os seus deslizes. Enquanto José acredita que as constantes mudanças de partidos no governo monárquico e a abolição sem indenização foram combustíveis para a mudança. Pandiá, seguindo a mesma lógica, acrescenta à explicação os problemas decorrentes das diversas "questões" (militar, abolicionista e religiosa).

Já Caio, com sua visão econômica que convenceu muita gente, acreditava que o regime monárquico não "combinava" mais com os avanços da economia e, por isso, deixou de existir. Por outro lado, Nelson acreditava que a Monarquia caiu porque já estava fraca das pernas.

Hélio, Emília e Celso defendem que a Proclamação foi fruto de uma mera conspiração militar. George, Ana e Maria Teresa, por outro lado, defendiam que muitos civis, antes de 1889, já alimentavam os ideais republicanos e, portanto, a proclamação não foi apenas coisa de militares.

Os historiadores divergem nas suas interpretações. E várias são as possibilidades de explicações. Enquanto nós assistimos a tudo isso "bestializados"! (VAF)

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